Traje de Valentina Cid, do Boi Caprichoso, usado na primeira noite do festival, acusado de refletir racismo estrutural na cultura dos povos escravizados.
Sinhazinha levou nas mãos bonecos do Pai Francisco e Mãe Catirina, personagens que representam pessoas escravizadas no Brasil colonial Foto: Reprodução YouTube/TV A Crítica A apresentação do Boi Caprichoso na primeira noite do 57° Festival Folclórico de Parintins, na última sexta-feira (28), gerou debate sobre racismo estrutural nas redes sociais.
O espetáculo folclórico, que trouxe à tona questões históricas e culturais, também evidenciou a persistência do racismo estrutural em nossa sociedade. A representação dos personagens escravizados levanta reflexões sobre o preconceito racial arraigado e a necessidade de combater a discriminação racial e a intolerância étnica de forma contínua e eficaz.
Racismo Estrutural na Indumentária da ‘Sinhazinha’ no Festival de Parintins
O debate sobre o racismo estrutural veio à tona durante o Festival de Parintins devido ao traje usado pela personagem ‘Sinhazinha’, interpretada por Valentina Cid. O vestido carregava bonecos representando pessoas pretas, o que gerou críticas dos internautas. A escolha da indumentária, que deveria homenagear a cultura dos povos da Amazônia, acabou sendo interpretada como um ato de discriminação racial.
Além dos bonecos pretos no vestido, a ‘Sinhazinha’ do Boi Caprichoso segurava bonecos do Pai Francisco e Mãe Catirina, personagens que simbolizam a história de pessoas escravizadas no Brasil Colônia. Esses elementos da apresentação levantaram questões sobre a representação e a percepção do racismo estrutural na sociedade.
A personagem Sinhazinha remete ao passado colonial, evocando a imagem das esposas e filhas dos donos de engenho, em um contexto marcado por violência e opressão. Essas características históricas ainda ecoam na realidade atual de negros e indígenas no país, evidenciando a persistência do preconceito e da intolerância étnica.
Desde 2019, o Festival de Parintins tem sido palco de discussões sobre questões raciais, como a exigência dos jurados pelo fim do blackface na caracterização de Pai Francisco e Mãe Catirina. A polêmica em torno da representação desses personagens levou a mudanças significativas, com atores negros assumindo os papéis.
No entanto, a crescente importância da Sinhazinha em relação a Pai Francisco e Mãe Catirina tem levantado críticas de historiadores e especialistas, que apontam para um possível ‘embranquecimento’ do festival ao longo dos anos. Em 2023, uma tentativa de resgatar elementos da cultura negra resultou em acusações de apropriação cultural contra Valentina Cid, que se vestiu como a orixá Oxum, perdendo pontos em sua apresentação. A reflexão sobre o racismo estrutural continua sendo essencial para promover a igualdade e o respeito à diversidade étnica e cultural.
Fonte: @ Nos
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