O Ministério da Educação apresenta projeto de lei para vetar aparelhos em escolas, como alguns colégios já fazem para prevenir crises de abstinência e chats de Whatsapp.
Em sua maioria, os alunos que não podem usar celular na escola adotam hábitos alternativos que buscam satisfazer sua necessidade de conexão com o mundo digital, como usar um laptop ou notebook, que muitas vezes são permitidos em sala de aula. Essa mudança é uma forma de adaptação à proibição, mas pode não ser eficaz em evitar a compulsão de usar o celular, que muitas vezes é associada ao vício.
A abstinência de celular no ambiente escolar pode levar a uma sensação de abstinência, pois o uso desses dispositivos está tão arraigado na sociedade moderna que frequentemente se torna uma dependência. De acordo com Juliana Souza, especialista em comportamento, “a abstinência de celular pode ser um desafio para alguns alunos, especialmente os que desenvolveram uma forte dependência do uso desses dispositivos”. Mesmo assim, a abstinência não é um obstáculo insuperável, muitos alunos encontram formas criativas de se manterem conectados e informados, sem recorrer ao celular.
Período inicial de adaptação à abstinência
As primeiras semanas após a imposição de restrições a utilização de smartphones em escolas são marcadas por um ‘pesadelo’ de ‘crises de abstinência‘ entre os jovens. Além disso, bebês ficam chocados ao não conseguir consumir alimentos e trocar fraldas sem o auxílio da tela. No entanto, em pouco tempo, a maioria consegue se adaptar, tornando-se mais atenta às aulas e desenvolvendo novos hábitos. Eles passam a brincar, trocam os chats de mensagens instantâneas por esportes e interações sociais ‘à moda antiga’, realizadas de forma cara a cara. ‘É como a superação de um vício’, destaca Maristela Costa, professora de português da escola Alef Peretz. Ela acrescenta que os alunos começaram a se adaptar após sete meses, em que os celulares eram diariamente ‘trancados’ em pochetes magnéticas.
Consequências de abstinência
O Ministério da Educação (MEC) planeja lançar um projeto de lei para proibir o uso de smartphones em escolas, um plano que ainda não foi oficialmente anunciado. Embora não exista uma determinação nacional, 28% das instituições de ensino já implementaram restrições rígidas. Para entender como será o dia a dia dos estudantes, o g1 visitou três escolas que não permitem o uso de celulares em sala de aula e durante o recreio.
Primeira etapa de adaptação
Os alunos da escola judaica Alef Peretz sentiram abstinência do celular na hora do intervalo. Eles ficavam perguntando: ‘o que vou fazer?’. De acordo com o coordenador, Antonio Arruda, foram necessárias três semanas para que os jovens conseguissem ‘sofrer menos’. A escola importou pochetes magnéticas dos Estados Unidos e usava um ‘desmagnetizador’ para abri-las após a última aula. Alguns alunos tentaram ‘arrombar’ as bolsas e foram obrigados a pagar novamente a taxa de R$ 170 para adquirir uma nova bolsinha.
Adaptação à vida sem celular
Alunos da escola judaica contaram que utilizaram o truque do ‘celular do ladrão’: colocavam um aparelho antigo na pochete lacrada e escondiam o ‘verdadeiro’ escondido embaixo da mesa. Alguns meninos chegaram a tentar trancar uma caixa de baralho na bolsinha, fingindo que seria o celular. Essas jogadas de risco, no entanto, tinham consequências negativas.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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