Um bombardeio às refinarias iranianas pode provocar preocupações, mas o maior temor é uma retaliação que bloqueie o Estreito de Ormuz, afetando negativamente a produção de 30% do petróleo mundial, e levando a uma ampliação do conflito.
O cenário geopolítico na região do Oriente Médio continua a ser um grande desafio, com os últimos acontecimentos no Irã afetando diretamente o mercado de petróleo no mundo todo. O fato de o Irã ter disparado uma bateria de mísseis contra Israel e o posterior impacto da defesa aérea israelense na situação, reacendeu a preocupação com uma possível escalada da guerra na região.
Além disso, a região do Oriente Médio é responsável por 34,1% da produção e detém mais de 60% das reservas mundiais de petróleo. Isso significa que qualquer alteração significativa na situação na região pode afetar os preços do petróleo em todo o mundo, em especial aquela que se refere à capacidade de produção. Mesmo uma diminuição na produção pode gerar um aumento no preço do petróleo, como aconteceu em 2022 quando a invasão da Ucrânia pelo Rússia elevou os preços dos barris de petróleo para os dois anos mais altos da série histórica, ultrapassando os US$ 120,00. O impacto desses preços altos em todo o mundo foi significativo.
Precificação do Petróleo Sob a Ameaça de Ataques Militares
A escalada de tensão no Oriente Médio, derivada das tensões entre Israel e o Irã, tem afetado a cotação internacional do petróleo, especialmente o preço do barril. O cenário de ameaças de bombardeios a refinarias de petróleo iranianas tende a influenciar significativamente a cotação internacional do petróleo, uma vez que o Irã é responsável por cerca de 4% do petróleo consumido globalmente. Embora o preço do petróleo tenha subido mais de 4% desde o início da primeira semana de outubro, ainda se encontra num patamar razoável, com o índice Brent valendo US$ 77 o barril no fechamento de quinta-feira, 3 de outubro.
No entanto, o que preocupa os especialistas de mercado de petróleo e gás é a ampliação do conflito que eventuais ataques de Israel a refinarias iranianas possam causar. Uma possibilidade repetida nos cenários de análise de risco é a retaliação do Irã, bloqueando o Estreito de Ormuz, que é a rota marítima por onde trafegam cerca de 30% do petróleo bruto produzido no mundo. Inclui-se nesse total grande produtores como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Nesse cenário, a expectativa é que o preço do barril ultrapasse o fatídico ‘três dígitos’, ou seja, entre num patamar superior a US$ 100, crescendo à medida que novos ataques ocorram ou a demora para regularização do transporte por parte dos navios petroleiros.
A cotação relativamente normal até agora é atribuída à incerteza de quais estratégias de retaliação serão adotadas por Israel. É possível que os ataques se limitem a alvos militares, como instalações de defesa aérea ou bases de mísseis, o que não afetaria o preço do barril. O governo dos Estados Unidos tem pressionado Israel a evitar ataques principalmente a instalações nucleares e refinarias iranianas. Por isso, agências de riscos têm estipulado em 30% a possibilidade de bombardeios a refinarias de petróleo do país persa.
Fernando Ferreira, diretor de risco geopolítico da Rapidan Energy Advisors, consultoria baseada nos Estados Unidos, afirma que um ataque nas instalações de petróleo do Irã certamente seria suficiente para alterar o preço do barril. ‘São entre 1,5 milhão e 1,8 milhão de barris de petróleo diários produzidos pelo Irã que seriam retirados do mercado, o que estruturalmente poderia levar semanas ou meses para voltarem a ser oferecidos’, diz Ferreira.
Ampliação da guerra Mas o especialista adverte que uma eventual retaliação iraniana envolvendo outros países da região como resposta ao bombardeio de suas refinarias seria inevitável. ‘Ficaria surpreso se não ocorressem ataques do Irã no Estreito de Ormuz, como fazem desde o ano passado os guerrilheiros houtis, do Iêmen, no Mar Vermelho, bloqueando os navios-contêineres que trafegam na região’, diz Ferreira.
Ferreira lembra que, diferentemente da rota do Mar Vermelho, que pode ser evitada contornando o sul da África, a do Estreito de Ormuz limita as opções de Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Segundo ele, como são cerca de 18 milhões de barris diários de petróleo e derivados que passam pelo Estreito de Ormuz, a retaliação do Irã poderia ter consequências significativas para o mercado de petróleo.
Fonte: @ NEO FEED
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