Relações polígamas no Senegal contribuem para a discriminação contra mulheres, tema de debates.
A poligamia é uma prática legal no Senegal, onde muitos homens, incluindo o presidente Bassirou Diomaye Faye, casam-se com mais de uma mulher. Nesse contexto, é comum observar cerimônias de posse, como a que ocorreu na terça-feira (2), com a presença de todas as esposas do político.
Além da poligamia, também é importante destacar a presença de crianças nas cerimônias políticas, como os quatro filhos do presidente Bassirou Diomaye Faye. A família é um pilar fundamental para muitos senegaleses, refletindo a tradição e os valores culturais do país com grande impacto na sociedade senegalesa.
Expansão da presença de poligamia no Senegal
Além deles, é importante mencionar a presença de Absa, outra esposa de Diomaye Faye, com quem o novo presidente se casou aproximadamente há doze meses. Fazendo com que o Senegal, por conta de sua bígamo, possua duas primeiras-damas, Faye fez um aceno aos muçulmanos do país no momento de sua cerimônia de posse, como forma de respeito à prática tradicional presente entre os muçulmanos senegalenses, principalmente nas áreas rurais. A poligamia é permitida pelo Islã, permitindo que os homens tenham até quatro esposas, desde que possuam recursos para sustentá-las e dediquem tempo igual a cada uma.
A reação do público não poderia ser outra: quando Faye compareceu juntamente com suas duas esposas, recebeu uma calorosa salva de palmas da multidão. O presidente já deixou claro que se sente orgulhoso de sua situação conjugal. Durante sua campanha, ele destacou que possui filhos maravilhosos graças às esposas incríveis que tem. Ele expressou sua felicidade ao afirmar que suas esposas são belas e que agradece a Deus por estarem sempre ao seu lado.
Poligamia em destaque nas discussões do Senegal
O tema da poligamia ganhou destaque no país após as recentes cerimônias de posse do presidente. As discussões acerca dessa prática tradicional se intensificaram nos meios de comunicação e nas redes sociais.
‘A consagração da tradição da poligamia em um nível tão alto do governo reflete a cultura senegalesa’, afirmou o sociólogo Djiby Diakhate, diante das recentes cerimônias. A socióloga Fatou Sow Sarr também se pronunciou, ressaltando que os modelos patrimoniais, como a poligamia, monogamia ou poliandria, são determinados pela história de cada povo, e que o Ocidente não possui legitimidade para julgar as culturas locais do país.
No Senegal, a prática da homossexualidade pode resultar em penalidades que variam de um a cinco anos de prisão. A poligamia, apesar de ser tradicionalmente aceita, é alvo de críticas de muitas mulheres, conforme apontado em um relatório do Comitê dos Direitos Humanos da ONU, que aponta para a contribuição dessa prática para a discriminação contra as mulheres.
Mudanças no protocolo
O romance ‘Uma Carta Tão Longa’, de 1979, da autora senegalesa Mariama Ba, trouxe à tona críticas contundentes à poligamia, destacando o sofrimento e a solidão das mulheres diante da decisão de seus maridos em terem uma segunda esposa, geralmente mais jovem.
O ex-ministro da Cultura e acadêmico Penda Mbow ressaltou que a situação conjugal do novo líder do governo é inédita e requer uma revisão do protocolo existente. Em relação à prevalência da poligamia no Senegal, estima-se que cerca de 32,5% das pessoas casadas estejam envolvidas em uma união poligâmica, de acordo com um relatório de 2013 do escritório nacional de estatísticas.
Diakhaté, ao analisar a situação, destacou que o presidente eleito enviou uma mensagem forte para que outros homens assumam publicamente sua condição de polígamos.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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