Famílias criticam acordo judicial feito há dois dias; sobreviventes do 11 de Setembro discordam dos termos comunicados à imprensa.
O Ministro da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, cancelou um acordo judicial que havia sido firmado nesta semana com o homem acusado de ser o mentor dos ataques de 11 de setembro, Khalid Sheikh Mohammed, e dois de seus cúmplices, de acordo com um memorando assinado por Austin na sexta-feira (2). O acordo pré-julgamento – alcançado depois de 27 meses de negociações – retirava a pena de morte de Mohammed, Walid Bin ‘Attash e Mustafa al Hawsawi, disseram os promotores em uma carta, obtida pela CNN, enviada às famílias das vítimas e aos sobreviventes do 11 de Setembro pouco antes de o Departamento de Defesa anunciar a notícia em um comunicado à imprensa na noite de quarta-feira (31).
Após o início das negociações em março de 2022, os três homens concordaram em se declarar culpados de todas as acusações, incluindo o assassinato das 2.976 pessoas listadas na ficha de acusação. Famílias das vítimas criticaram o acordo. Algumas famílias das vítimas criticaram os acordos de confissão na quarta-feira (31). Brett Eagleson, presidente da Justiça do 11 de Setembro, uma organização que representa os sobreviventes do 11 de Setembro e familiares das vítimas, disse num comunicado que as famílias estão ‘profundamente perturbadas por estes acordos judiciais’ e pressionou por mais informações sobre o envolvimento da Arábia Saudita nos ataques.
Acordo Judicial Realizado no Caso das Famílias do 11 de Setembro
Estes pactos judiciais não devem perpetuar um sistema de acordos a portas fechadas, onde informações cruciais são ocultadas sem dar às famílias das vítimas a oportunidade de saber toda a verdade. A busca por justiça não vacilará até que toda a verdade seja revelada e que a justiça seja feita para as vítimas e suas famílias. Pedimos à administração que garanta que estes tratados não fechem a porta à obtenção de informações críticas que possam esclarecer o papel da Arábia Saudita nos ataques de 11 de Setembro. Nossa luta por justiça continua, e é essencial que a transparência prevaleça em todos os acordos firmados.
Comunicado à Imprensa sobre o Acordo Judicial no Caso do 11 de Setembro
Terry Strada, presidente nacional do 11 de Setembro Famílias Unidas, expressou preocupação de que a notícia do acordo judicial ofusque as evidências recentemente reveladas na luta das famílias para responsabilizar a Arábia Saudita pelo seu suposto papel na conspiração terrorista. Strada disse que a notícia foi um soco no estômago quando ela saiu de um tribunal federal de Manhattan após uma audiência de um dia inteiro no litígio em andamento das famílias com o Reino da Arábia Saudita. Nenhum membro da família sabia que isso aconteceria, e ela está desconfiada do momento em que o acordo foi firmado. Este é o maior dia em todo o nosso caso, o maior dia em 23 anos de tentativas de obter justiça pelo assassinato de nossos entes queridos. Ela questiona a decisão de oferecer um acordo judicial aos acusados neste momento crucial.
Acordo de Confissão no Caso dos Sobreviventes do 11 de Setembro
É crucial que a justiça seja feita para as vítimas e suas famílias, e que todos os envolvidos sejam responsabilizados por seus atos. O acordo judicial alcançado levanta questões sobre a transparência e a busca pela verdade. A administração Biden tornou prioritário o encerramento do centro de detenção da Baía de Guantánamo, em Cuba, onde os arguidos estavam detidos, repatriando vários detidos que já não eram considerados ameaças significativas à segurança nacional. No entanto, dezenas de detidos ainda permanecem nas instalações, e não está claro onde Mohammed e seus corréus cumprirão suas sentenças. A justiça deve prevalecer, e a verdade deve ser revelada para que as vítimas e suas famílias encontrem o fechamento que tanto merecem.
Fonte: @ CNN Brasil
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