Germano, primeiro juiz cego do Brasil, já era reconhecido antes como magistrado na Justiça do Trabalho em São Paulo.
Márcio Aparecido da Cruz Germano da Silva fará história ao ingressar na sexta-feira (26) como juiz de primeiro grau na Justiça do Trabalho de São Paulo. Aos 44 anos, o paranaense de Maringá (PR) será o pioneiro com deficiência visual a assumir o cargo de juiz de primeiro grau. ‘Estou extremamente contente por concretizar esse desejo. Uma conquista bastante significativa.
Com a posse de Márcio Aparecido, a magistratura trabalhista ganha um representante exemplar no judiciário. Sua trajetória inspiradora evidencia a importância da diversidade e inclusão no tribunal. A atuação de um juiz com deficiência visual na Justiça do Trabalho reforça a necessidade de promover acessibilidade e igualdade de oportunidades no âmbito trabalhista.
Justiça Trabalho: Uma Jornada de Superação e Dedicação
Germano, o primeiro juiz cego do Brasil, compartilhou sua história inspiradora de luta e determinação. Em uma entrevista recente, ele destacou a importância da Justiça Trabalho em sua vida, ressaltando que o tribunal tem sido um parceiro fundamental em sua trajetória.
‘Sei que haverá muito trabalho, mas o tribunal já tem dialogado comigo de uma forma muito bacana, está me recebendo muito bem. Tenho certeza que eu vou, junto com o tribunal, trabalhar de forma plena e fazer aquilo que eu acredito’, afirmou Germano. Ele enfatizou que o direito do trabalho é essencial, lidando com a questão mais sensível da vida humana: o trabalho.
A deficiência visual de Germano, causada por erros médicos em sua infância, não o impediu de perseguir seus sonhos. Aos quatro anos, uma dosagem errada de medicamento resultou em uma reação alérgica grave, levando à síndrome de Steven Johnson. Posteriormente, um erro oftalmológico provocou a perda total da visão em um dos olhos, aos oito anos.
Apesar dos desafios, Germano seguiu em frente, sendo aprovado em concursos e se tornando analista judiciário no TRT da 9ª região. Sua dedicação e competência o levaram a desempenhar suas funções no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca.
Ao longo de sua jornada, Germano enfrentou obstáculos relacionados à acessibilidade, especialmente durante seus estudos. Ele ressaltou a importância da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, ratificada pelo Brasil em 2009, que impulsionou um processo mais inclusivo na sociedade.
Na faculdade de direito, Germano superou as barreiras ao estudar com livros em formato digital, uma alternativa viável diante da limitação do braille para textos extensos. Atualmente, ele destaca a evolução no acesso ao material de estudo, facilitando sua jornada acadêmica e profissional.
A história de Germano é um testemunho de superação e resiliência, demonstrando que a deficiência não define os limites de uma pessoa determinada a alcançar seus objetivos. Sua atuação na Justiça Trabalho inspira e motiva todos aqueles que buscam a igualdade e a justiça em nossa sociedade.
Fonte: @ CNN Brasil
Comentários sobre este artigo