Livro de 1986 aborda amizade e diversidade étnica entre dois meninos, um negro e um branco, que compartilham infância e descobertas juntos. Alguns pais acharam partes ‘agressivas’.
O livro ‘A Menina Azul’, obra de Ziraldo lançada em 1990, narra a jornada de uma menina azul e um menino amarelo que exploram juntos o mundo das cores. A autora nos leva a refletir sobre a diversidade e a importância de aceitar as diferenças, assim como os personagens fazem ao tentar entender as cores.
Em meio às páginas desse livro inspirador, somos convidados a mergulhar na magia da obra de Ziraldo e a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva. A narrativa envolvente nos faz refletir sobre a beleza da diversidade e a riqueza que cada cor traz para nossas vidas. Explorar as cores é mais do que uma simples experiência visual, é uma jornada de autoconhecimento e aceitação.
Explorando o Mundo das Cores através do Livro
Na obra, Ziraldo utiliza uma variedade de brincadeiras para abordar as cores e estabelecer contrastes entre o preto e o branco, discutindo temas como amizade verdadeira, diversidade étnica e formação da personalidade. Os meninos, ao longo da história, questionam se o branco é realmente oposto ao preto, enquanto o narrador explora a inexistência de uma definição única para ‘cor de pele’ e outras questões relevantes.
Em um ponto do livro, os meninos se veem envolvidos em uma discussão que os deixa afastados e ressentidos por um longo período. Essa situação, juntamente com outras passagens, levou alguns pais a considerarem o conteúdo da obra como agressivo, alegando que poderia influenciar as crianças a agirem de forma negativa.
Após receber críticas, a Secretaria Municipal de Educação de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, decidiu suspender atividades relacionadas ao livro. Os comentários dos pais destacaram duas passagens específicas como sendo particularmente ‘agressivas’: o desejo do menino marrom de ver uma senhora ser atropelada após ela recusar sua ajuda e a proposta dos meninos de fazerem um pacto de sangue para selar sua amizade.
Zoara Failla, socióloga e coordenadora da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, defende que a suspensão reflete uma interpretação equivocada da obra por parte dos pais. Ela ressalta que Ziraldo, ao abordar dilemas enfrentados por crianças, abre espaço para reflexões sobre diversidade racial, preconceito, amizade e respeito às diferenças.
Em uma das passagens criticadas, o menino marrom expressa o desejo de ver uma velhinha ser atropelada, o que gerou controvérsia entre os leitores. No entanto, é essencial considerar o contexto completo da cena para compreender a motivação por trás das palavras do personagem. A narrativa destaca a tentativa inicial do menino marrom de ajudar a senhora, que acaba reagindo de forma rude, deixando-o confuso e desapontado.
Outra cena polêmica envolve a proposta dos meninos de selarem sua amizade com um pacto de sangue. Esses momentos desafiadores da história servem como ponto de partida para debates mais profundos sobre valores, comportamento e relações interpessoais. É fundamental analisar as nuances presentes na narrativa para extrair lições significativas e promover uma leitura mais enriquecedora.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
Comentários sobre este artigo