Método de “conversão” proibido desde 1999 no Brasil por Conselho Federal de Psicologia. Processos, terapias, brecha, instituições, liberdade, religiosa, técnicas, condicionamento, repressão, tratamento, OMS, PL 5034/2023 – ilegal.
RIO DE JANEIRO, RJ (AGÊNCIA BRASIL) – ‘A transformação é possível, a conversão pode mudar sua vida’, afirma a blogueira fluminense Ana Luísa, 25, em um post no Instagram, onde possui 2,8 milhões de seguidores. A ‘questão’ da influenciadora seria a bissexualidade. Até junho de 2024, Ana era Andréa.
Em seu relato, Ana destaca a importância da identidade e da liberdade de escolha. Ela ressalta que a orientação sexual é parte essencial da conversão interior e que cada um deve respeitar sua própria jornada. Ana também menciona a importância de buscar terapias e tratamentos adequados para o bem-estar mental e emocional de cada indivíduo.
Carlos e sua Conversão à Religião Evangélica
Naquele mês, ele – já famoso pela produção de memes – anunciou a retirada da prótese mamária, a nova retificação do nome e a conversão à religião evangélica. Depois, começou a divulgar conteúdos sobre seu processo de conversão. Carlos relatou ter recebido um chamado para viver conforme a vontade divina. ‘Deus falou comigo e perguntou quando eu voltaria para Ele’, disse, em uma das gravações. ‘Eu não nasci um homossexual ou uma mulher trans, eu escolhi ser e viver naquela ignorância’, continuou.
Apoio e Deboche à Conversão
Vários comentários foram escritos em apoio a tal discurso. Outros tantos publicados em deboche ao que chamaram de promoção à ‘cura gay’, jargão mais conhecido para se referir a um suposto tratamento cujo objetivo é converter pessoas LGBTQIA+ à heteronormatividade. Algumas instituições e grupos de apoio argumentam que a liberdade religiosa lhes dá o direito de ajudar aqueles que querem mudar sua identidade ou orientação sexual. Para isso, utilizam técnicas de condicionamento e repressão, terapias de aversão química, elétrica e até exorcismo.
Proibições e Brechas Legais na Conversão
O método é proibido no Brasil desde 1999, por ordem do Conselho Federal de Psicologia. Em 2017, porém, a Justiça Federal do Distrito Federal concedeu uma liminar permitindo a psicólogos tratar pessoas LGBTQIA+ como doentes. A decisão atendia a um pedido de profissionais cristãos que se aproveitaram de uma brecha deixada pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Recomendações e Revogações na Conversão
Mesmo após ter despatologizado a homossexualidade, em 1990, a entidade deixou em aberto a possibilidade de pessoas desconfortáveis com sua identidade procurarem tratamento. Em 2019, a recomendação foi revogada. Naquele mesmo ano, a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Carmen Lúcia suspendeu os efeitos da liminar do DF.
Projeto de Lei e Terapias de Conversão
Hoje, há na Câmara dos Deputados um projeto de lei (PL 5034/2023) visando equiparar terapias de conversão à tortura, crime inalienável com pena de até oito anos. Celebridades da conversão, como Caleb Rinavi, 39, ‘deixou as práticas homossexuais’, virou pastor e um exemplo para milhares de pessoas nas redes sociais. Só no Instagram são 19 mil seguidores. Em um testemunho publicado em seu perfil, ele contou ter crescido em um ambiente feminino que o fez acreditar ser gay. No Réveillon de 2023, ele resolveu visitar uma igreja Batista em Itaguaí (RJ), e sua vida mudou. Caleb afirma que, nos dias seguintes, começou a ter visões com Deus. Depois, sentia nojo ao praticar sexo com outros homens. ‘Eu comecei a me perguntar por que estava fazendo aquilo, e não tinha explicação’, disse em um vídeo. O hoje influencer então renunciou aos seus desejos e, conforme diz, começou a viver para Cristo. Além disso, quis compartilhar sua jornada com possíveis interessados, algo a que chamou de ‘7 passos de liberdade’. Dentre os conselhos estão deixar de seguir pessoas que postam fotos sensualizando, retirar divas internacionais da playlist, desinstalar aplicativos de relacionamento e parar de usar roupas unissex. Em todas suas publicações – reunindo relatos arrependidos da sua vida pregressa.
Fonte: © Notícias ao Minuto
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