Repercussão de casos de preconceito contra cotistas ocorre logo após lançamento do livro “De Onde Eles Vêm”, que conta história de jovem negro que ingressou na universidade pública por meio das cotas, enfrentando experiência de ser o primeiro estudante negro em um sistema elitista dominado por estudantes brancos.
A sociedade brasileira, marcada por desigualdades profundas, reflete-se nas relações entre estudantes de diferentes universidades. A percepção de que alguns candidatos filhos da pobreza não seriam aptos para se tornarem cotistas, demonstra como essas desigualdades afetam a visão que muitos have sobre a capacidade de um indivíduo alcançar o sucesso em uma universidade de elite.
Em uma sociedade em que a exclusão e a discriminação ainda são problemas recorrentes, é crucial lembrar que a oportunidade de acesso à educação superior é um direito fundamental. No entanto, a experiência relatada pelos estudantes da PUC-SP revela como a exclusão social pode se manifestar de forma subtil, mas igualmente prejudicial, no âmbito universitário. A percepção de que apenas os “filhos da pobreza” poderiam ser cotistas é uma falsa e limitante visão da sociedade brasileira.
Uma Sociedade em Transformação
Em um mundo complexo e multifacetado, onde a sociedade está em constante evolução, a ascensão social de indivíduos de diferentes perfis tem sido um tema de grande interesse. No contexto brasileiro, o sistema de cotas em universidades públicas tem sido um ponto de debate intenso, abordando questões de inclusão, exclusão e identidade. O livro de Jeferson Tenório, ‘De Onde Eles Vêm’, mergulha na experiência de um jovem negro que entra na universidade pública através desse sistema, desafiando os estereótipos e preconceitos da sociedade elitista.
A Experiência de Joaquim
A história de Joaquim, um jovem de 24 anos da periferia de Porto Alegre, é um reflexo da realidade de muitos que buscam uma melhor vida por meio da educação. Ao entrar em um mundo novo, branco e elitista, Joaquim enfrenta sentimentos conflituosos, demonstrando a complexidade da experiência de alguém que busca se inserir em um ambiente que não foi projetado para ele. Para o autor, essas cenas exemplificam o ressentimento de uma classe média que tem herança escravagista, revelando a profunda raiz dos problemas sociais que o país enfrenta.
A Crítica à Elite
Jeferson Tenório, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 2021, apresenta uma crítica à elite acostumada a ser servida por pessoas pobres e negras. Ele destaca que, em 15 anos, esses subalternizados passaram a ser seus colegas, e quando esses dois mundos se encontram, vemos justamente essas cenas que temos visto no meio acadêmico. O autor enfatiza que há um sentimento de frustração, de entender que não adianta ter só os meios de produção, que não é mais possível ser mediano e ser medíocre e ter as coisas mais facilitadas como uma classe média sempre teve.
A Experiência do Autor
O próprio autor, que foi o primeiro estudante a concluir uma graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por cotas, compartilha sua experiência de ser alvo de preconceitos e prevenções. Ele recorda ouvir que seria difícil conseguir emprego, que nenhuma escola contrataria alguém formado por cotas, e que os cotistas diminuiriam as notas do curso. Essas palavras demonstram a estrutura de preconceitos que permeia a sociedade brasileira, revelando a necessidade de mudanças significativas para superar a exclusão e promover a inclusão.
Impactos Psicológicos e Sociais
Ao ingressar em ambientes histórica e socialmente marcados pela exclusão, os alunos negros de periferia e de escolas públicas enfrentam diversos conflitos. O primeiro é a luta pela permanência, onde o aluno cotista enfrenta obstáculos que seus colegas, em geral, não enfrentam. Meu livro aborda os primeiros cotistas, na época em que não havia redes de acolhimento, coletivos negros, movimentos nos diretórios acadêmicos, ou bolsas de estudo. Esses desafios são apenas alguns dos muitos que os jovens enfrentam ao buscar mudanças sociais significativas em um mundo que ainda é dominado por uma elite elitista.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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