Informe: Banco Mundial relatório: trabalho doméstico e violência de gênero afetam desigualdade global; pirâmide, desigualdade, mercado de trabalho, PBID, desenvolvimento econômico, capitalismo, força de trabalho não remunerada, carga mental, lares, divisão desigual, cuidados de filhos, escalas hierárquicas.
Mulheres pretas e partas são as mais vulneráveis por estarem na base da pirâmide da igualdade econômica para mulheres, sobretudo no Brasil. Foto: Freepik O relatório ‘Women, Business and Law 2024’, conduzido pelo Banco Mundial e divulgado no mês de março, ressaltou que as disparidades de gênero em nível global são ainda mais profundas do que se imaginava.
Essa realidade reforça a urgência de promover a paridade econômica e oportunidades econômicas para todas as mulheres, visando alcançar não apenas a igualdade econômica para mulheres, mas também a igualdade salarial e o pleno acesso a oportunidades de desenvolvimento profissional. É fundamental que sejam implementadas políticas públicas e ações concretas para combater as desigualdades de gênero e garantir um futuro mais justo e equitativo para todas as mulheres, independentemente de sua origem ou etnia.
Igualdade Econômica para Mulheres: Desafios e Perspectivas
Em nenhum lugar do planeta, literalmente, as mulheres desfrutam das mesmas oportunidades econômicas que os homens. Trata-se de um cenário estarrecedor, preocupante e, sobretudo, limitador, uma vez que a redução das desigualdades de gênero no mercado de trabalho poderia aumentar o PIB de economias em desenvolvimento em até 8%. Num cenário ideal, com as desigualdades totalmente eliminadas, as economias poderiam crescer até 23%.
Desafios da Paridade Econômica e Igualdade Salarial
Entre os fatores que dificultam a paridade econômica de gênero se sobressai o trabalho de cuidado desempenhado pelas mulheres. Para Glaucia Fraccaro, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autora do livro ‘Os Direitos das Mulheres – Feminismo e Trabalho no Brasil’ (FGV Editora), o capitalismo sempre lucrou com as desigualdades de gênero, utilizando a força de trabalho não remunerada das mulheres dentro de suas casas para reproduzir a mão de obra inserida no mercado de trabalho. É o que autoras feministas como Silvia Federici e Heleieth Saffioti chamam de reprodução social: para o trabalhador sair de casa e ir trabalhar todos os dias, ele precisa ter comido, ter seus filhos cuidados e sua casa limpa.
A Importância da Equidade de Oportunidades Econômicas
Dentro dessa lógica, parece não haver motivos para as grandes empresas ou as instituições que servem o mercado reduzirem as desigualdades, já que conseguem dois trabalhadores pelo preço de um, comenta Glaucia. Segundo Isabela Duarte Kelly, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a divisão desigual das tarefas domésticas nos lares gera uma intensa carga mental e impacta negativamente no crescimento profissional e financeiro das mulheres porque, muitas vezes, elas não conseguem estar no mercado de trabalho de forma integral.
Desafios no Mercado de Trabalho e na Divisão de Tarefas Domésticas
Elas acabam tendo que buscar profissões que permitam equilibrar o trabalho remunerado, o do mercado, com o trabalho não remunerado doméstico e de cuidados. Isso dificulta acessar posições de maior nível hierárquico, que em alguns casos demandam tempo além do expediente, comenta Isabela. Além disso, a dinâmica em relação aos cuidados com os filhos, por exemplo, é outro entrave, uma vez que creches públicas são escassas e o custo elevado das particulares nem sempre acaba compensando financeiramente para a mulher.
Impacto da Divisão de Tarefas Domésticas nas Oportunidades Econômicas
Isso afeta justamente a economia já que elas não conseguem maiores remunerações porque sempre estão buscando ocupações mais flexíveis e que permitam o equilíbrio entre o mercado de trabalho e as tarefas do lar e de cuidados, diz Isabela. Tarefas domésticas e cuidados com crianças e idosos levam mulheres a escolherem cargos que não condizem com suas habilidades e potenciais, perpetuando assim a desigualdade econômica de gênero.
Fonte: @ Nos
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