Artista usa chamativa Jaqueta: branca, longas mangas, botas, sem salto; estilos: Cantilever, Rick Owens, vestida, creme, lona, cintos pretos, renda, costurada; provoca pouco debate. (142 caracteres)
A cantora Rosalía, vencedora do Grammy Latino por 12 vezes, fez uma aparição em Nova Iorque usando uma camisa de força fashion. A estrela pop espanhola combinou um delicado vestido de renda branca com um par de botas Rick Owens Cantilever sem salto, mas o destaque estava em um casaco de lona creme, adornado com uma série de fivelas e cintos pretos. Será que era mais uma camisa de força fashion ou talvez uma versão contemporânea?
Enquanto muitos se perguntavam sobre a escolha de moda da cantora, outros admiravam sua coragem em adotar peças únicas como coletes de lona com design inusitado. A mistura de estilos e a ousadia de sair da zona de conforto são características marcantes de artistas como Rosalía, que desafiam as convenções da moda e incorporam elementos diferenciados, como camisas com detalhes inovadores. A moda, afinal, é uma forma de expressão completa e livre de contenção.
‘Motomami’: O Estilo de Rosalía e a Revolução das Camisas de Força
Desde o lançamento de seu terceiro álbum, ‘Motomami’, Rosalía tem sido vista experimentando diferentes estilos, indo desde óculos escuros estilosos até capacetes Harley Davidson. No entanto, uma inspeção mais detalhada revelou um novo elemento: seu visual parecia remeter mais a uma abordagem médica do que um look de motociclista. As mangas longas com costuras delicadamente trabalhadas, finalizadas com fivelas, davam a impressão de que as mãos da cantora estavam contidas, como se estivesse usando uma camisa de força.
A história das camisas de força remonta ao século 18, quando eram comumente utilizadas como forma de restrição em hospitais e asilos. Embora inicialmente destinadas a proteger os pacientes de possíveis danos, muitos profissionais questionaram a humanidade por trás dessas restrições físicas. Com o movimento contracultural dos anos 1960, surgiram críticas às práticas psiquiátricas, incluindo o uso de coletes de contenção, terapia eletroconvulsiva e as próprias camisas de força, que se tornaram símbolos da barbárie médica.
Rosalia não é a única a provocar reflexões sobre esse acessório. Em 2019, a Gucci apresentou uma coleção que incluía macacões inspirados nas camisas de força, durante a Semana de Moda de Milão. Modelos desfilavam em um cenário peculiar, cada um preso por um conjunto todo branco, decorado com fivelas e tiras que remetiam às tradicionais camisas de força. A modelo Ayesha Tan-Jones usou a passarela como palco para um protesto silencioso, reforçando a mensagem de que ‘saúde mental não é moda’.
A abordagem da Gucci gerou controvérsias, com Tan-Jones explicando que as camisas de força representavam um período sombrio da história da medicina, no qual a compreensão da saúde mental era precária e os direitos das pessoas eram frequentemente desrespeitados. O protesto na passarela foi um lembrete do passado e uma chamada à reflexão sobre o uso de acessórios como símbolos de moda.
Apesar de seu potencial impacto emocional, as camisas de força permanecem frequentemente associadas a um passado repleto de maus-tratos e condições desumanas. A tentativa de recontextualizar essas peças na moda contemporânea desafia a noção tradicional de vestuário, convidando-nos a refletir sobre a história por trás de cada prega, fivela e costura. A moda, mais do que simplesmente seguir tendências, pode ser uma forma de contar histórias e questionar convenções estabelecidas, abrindo espaço para diálogos importantes sobre saúde mental e bem-estar.
Fonte: @ CNN Brasil
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