Pela quinta vez consecutiva, banco central dos EUA não define queda nos juros em comunicado final. Indefinição atinge mercado financeiro e economia aquecida.
O sistema financeiro norte-americano é regido pela Fed, o Banco Central dos Estados Unidos. A Fed é responsável por fiscalizar e regular as políticas monetárias do país, além de atuar no controle da inflação e do desemprego. A atuação da Fed tem impacto direto na economia, influenciando no mercado de trabalho, na taxa de juros e no crédito a disposição dos consumidores e empresas.
O Federal Reserve desempenha um papel fundamental na estabilidade econômica dos Estados Unidos. Por meio de suas decisões sobre a política monetária, o Federal Reserve busca equilibrar o crescimento econômico com a estabilidade de preços. Além disso, o Federal Reserve também atua como prestamista de última instância em momentos de crise financeira, proporcionando liquidez ao sistema bancário. A transparência e independência do Federal Reserve são fundamentais para mantê-lo como uma instituição confiável e eficaz.
Reunião do Fed segue sem definições claras sobre queda da taxa de juros
A reunião desta quarta-feira, 20 de março, do Federal Reserve – o banco central dos Estados Unidos – seguiu o mesmo roteiro das cinco anteriores, desde agosto do ano passado: cercada de expectativa de um anúncio de quando teria início o ciclo de queda da taxa de juros, terminou sem alteração das taxas atuais (entre 5,25% e 5,5% ao ano) e nenhuma indicação clara do Fed de quando os juros vão efetivamente começar a baixar.
Expectativas do mercado financeiro e o comunicado final do Fed
No comunicado final, os 18 integrantes do banco central americano continuaram a prever que os juros tendem a cair até o fim do ano, sem dar números, isso se a inflação (hoje em 3,2%) diminuir. Também divulgaram um novo conjunto de estimativas econômicas trimestrais, que prevê três cortes de juros ao longo do ano – exatamente a mesma previsão feita em dezembro, que ainda não saiu do papel.
O dilema do mercado de trabalho e do mercado financeiro
Essa indefinição está causando uma sensação de angústia em todos os setores da sociedade americana que lembra os dois personagens da peça Esperando Godot, de 1954, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett – que, num auto-questionamento da existência humana, mantêm um longo diálogo enquanto esperam a chegada do tal Godot, que nunca aparece.
O mercado financeiro, por exemplo, espera uma sinalização do Fed quanto aos juros para reestruturar sua carteira de investimentos e analisar opções a médio prazo. O setor industrial também vem adiando decisões estratégicas, à espera da redução dos juros.
O impacto no mercado imobiliário e de trabalho
Parte dessa indefinição se deve à trajetória da economia americana, ainda sob impacto dos solavancos causados pela pandemia no sistema financeiro global. Entre 2022 e 2023, o Fed aumentou 11 vezes a taxa de juros para conter a escalada da inflação nos EUA, a maior desde a década de 1980.
O mercado de trabalho, apesar de aquecido, enfrenta contradições. Embora o índice de desemprego esteja em 3,9%, as contratações desaceleraram, mostrando relutância das empresas em aumentar os custos salariais.
Desafios no mercado de habitação e contínua incerteza
O mercado imobiliário também sofre com os juros elevados, inviabilizando contratos de financiamento e mantendo os preços das casas ainda muito altos, apesar da queda em relação ao pico de 2022. O aumento das taxas hipotecárias e do custo do seguro têm impactado negativamente o setor.
Apesar dos bons resultados econômicos nos últimos meses, a sensação de estagnação persiste entre os americanos, com a espera por uma definição clara do Fed quanto à redução dos juros e suas implicações no cenário econômico do país.
Posicionamento cauteloso do presidente do Fed após reunião
Na entrevista após a reunião da autoridade monetária americana, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou um tom cauteloso, indicando que a redução de juros ainda depende de mais dados e da evolução da inflação em direção à meta de 2% do Fed. A expectativa de três cortes de juros até o fim do ano animou os mercados, que fecharam em alta após a divulgação do comunicado final.
Fonte: @ NEO FEED
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