Exposição no Museu Judaico de São Paulo explora migração econômica da diáspora judaica com cerâmica da Ilha do Marajó e verdes necrópoles. Estrela de cinco pontas guia visita ao cemitério judaico.
A imigração marroquina para a Amazônia brasileira é um dos capítulos mais intrigantes da história da diáspora judaica nos últimos séculos. Após décadas de estudos, o Museu Judaico de São Paulo agora apresenta uma exposição que revela detalhes fascinantes sobre a jornada desses imigrantes judeus em direção ao Novo Mundo.
Essa história de conquista, que remonta ao final do século XIX, começou quando um grupo de judeus foi convidado a se estabelecer na Amazônia como parte de uma iniciativa governamental para colonizar a região. Com a promessa de terra e recursos, muitos imigrantes aceitaram o desafio de começar uma nova vida no coração da floresta amazônica. A comunidade judaica que se formou lá se tornou uma parte importante da história da região, trazendo consigo tradições e costumes que ainda hoje são celebrados pela comunidade judaica local. Alguns dos documentos e objetos expostos ressaltam a comunidade judaica que se desenvolveu na região, reforçando sua importância na história da diáspora judaica.
Imigração: Memórias de uma Diáspora Judaica
Mais de 200 itens, envolvendo obras de arte históricas, vídeos, documentos e registros fotográficos, são reunidos na exposição ‘Judeus na Amazônia’ para recriar a memória da imigração judaica, ocorrida entre 1810 e 1930, quando centenas de famílias vieram de cidades como Tânger, Tetuan, Fez e Marrakesh. Esses judeus haviam permanecido por mais de três séculos no Marrocos, após serem expulsos da Península Ibérica durante a Inquisição, no período entre os séculos 12 e 18.
Fatores econômicos, sociais e políticos teriam causado a segunda onda migratória, desta vez da aridez das terras marroquinas para a abundante floresta amazônica. Os imigrantes não se estabeleceram apenas nas capitais Manaus e Belém, mas também em Parintins e Itacoatiara, no Amazonas, e Gurupá e Cametá, no Pará — onde havia uma das mais antigas sinagogas do Brasil. A tradição do comércio levou-os a adentrar os estados como mascates dos rios, em embarcações que não raro traziam nomes judaicos como Levy ou Bennaroch.
A cultura judaica reverberou em costumes locais ao longo do tempo, como no exemplo da estrela de cinco pontas na frente do Boi Caprichoso, do Festival de Parintins, alusão à estrela de Davi, emblema na tradição judaica. O nome Davi está representado por dois triângulos sobrepostos, composição do alfabeto hebraico. Referências explícitas à própria estrela podem ser encontradas, como na pintura em um vaso da cerâmica típica da Ilha do Marajó, no Pará.
Fonte: @ NEO FEED
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